quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cores que viram letras, e assim flui o pensamento

                Tenho vários demônios internos.Mas quem não os tem? A coleira do pensamento é apertada,difícil de soltar.E as vezes muitas "coisas" vão sendo reprimidas ou até mesmo esquecidas porque não há possibilidades dessas coisas virem à tona um dia. Será mesmo?
               Muitas vezes essas
"coisas"  não estão maduras o suficiente para emergirem,ou simplesmente são pensamentos muito avançados para este ou aquele tempo.Mas de uma coisa eu tenho certeza: nada é descartável. Obviamente falo de pensamentos bem fundamentados,que tenham  certa coerência entre si.E ali elas ficam,por algum tempo,as vezes por anos.E por mais preso que ele esteja em seu consciente,está livre no seu subconsciente,amadurecendo e crescendo assim como você.
                E a loucura de tudo isso,é que nem nos damos conta de que muitas ideias projetadas por nós hoje,pensamentos e ideais,estilos de vida e etc,são frutos de pensamentos antigos que acabamos "esquecendo" e que lapidamos ao passar dos anos sem nos darmos conta disso.Posso dar um exemplo bem simples com algumas perguntas:
Quantos pensamentos você tem por dia?
Quantos você se lembra? Você conversa consigo mesmo? Que tipo de assunto? Todos?
                   Conversamos com nosso pensamento,e na maioria das vezes obtemos a resposta que queremos.São eles,aqueles demônios que nunca sabemos o que são,mas que sempre estão lá.Não digo demônios aqui de maneira pejorativa,pelo contrário,pois eles são essenciais na evolução do homem enquanto ser.Encare esse termo como um mito,não no sentido literal da palavra,assim vai poder entender o que quero dizer.É necessário degladiar-se para ser assim lapidado e renovado.É assim que mudamos de opinião ou deixamos um velho estilo de vida para trás,não porque outra pessoa lhe disse que é  o melhor caminho,mas porque você encontrou a reposta por si próprio,ajudado por ela.
                   As informações que vem de outras pessoas influenciam nisso tudo,são engrenagens delicadas essas que ligam tudo o que estou dizendo.A participação das pessoas em nossas vidas são de profunda importância nesse processo de reciclagem que não nos damos conta,aquele dos pensamentos no subconsciente.São ideias que se assimilam com o que ja temos,pois o individualismo é bom sim,mas até certo ponto e os laços que mantemos com outras pessoas fazem nos tornarmos melhores a cada dia que passa,é isso o que desafoga os dias estressantes,e que deixam fluir as melhores ideias.
                Parece estranho dizer,mas cultive seus demônios internos,amadureça-os e não deixe que te perturbem.Converse com você mesmo e a calma de dias melhores com certeza irá aparecer.


Arte: Glauco de Nereus

Texto:Esponja

domingo, 14 de outubro de 2012

Até a música tem rotina!

        Uma página em branco e muitas coisas na cabeça pra se escrever.Uma história talvez,ou quem sabe a descrição de algo que lhe seja importante,como a discografia de uma banda ou o livro de algum autor consagrado.Ou simplesmente falar de coisas banais.Sabe,aquelas que você nem se lembra de ter feito porque você faz todos os dias.Dias esses que você também esquece,porque eles são todos iguais.
          É duro lhe dar com a rotina,mas não temos outra opção,temos?
          A rotina faz parte do mecanismo de uma máquina chamada sociedade.A repetição dos fatos de um determinado trabalho ou o simples ato de levar seu filho todos os dias na escola.Não podemos fugir dela,simplesmente porque é uma coisa que não se pode fugir.Ela está presente desde a hora que você abre os olhos até a hora em que os fecha novamente.Seja bem vindo aos processos rotineiros da sua vida!

Cotidiano
Chico Buarque


Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.

         
         A música não relata apenas fatos históricos,(muitas relatam a dor de cotovelo! viva a infantilidade da rádio brasileira!)mas também momentos de nossas vidas,coisas banais que não damos a mínima na realidade,mas quando isso é exposto de uma forma cultural e elaborada,acaba por nos chamar a atenção.Como essa música do Chico Buarque,o cotidiano nu e cru,exibido na letra de forma maestral pelo compositor.
        Ou quem sabe aquele encontro casual com alguém que você não vê a séculos?Uma conversa rápida,que não levou mais de 3 minutos pra acabar,ali num sinal vermelho do trânsito.O assunto acaba assim que o verde acende e cada um toma o rumo de seu cotidiano,diferente do de seu interlocutor e diferente de todas as outras pessoas,mas sempre igual na rotina.
         Mesmo que se faça algo fora do sistema,fora da matrix em que vivemos,as vivências diferenciadas das outras pessoas,ela está lá. Sempre repetindo e se renovando.Uma amiga escreveu uma coisa que concordo plenamente a vida ela não continua,apenas recomeça a cada dia em que você abre os olhos. Cada dia é uma mini-vida,onde tudo pode ser igual ao dia anterior ,ou não. O cotidiano sempre estará lá,mas ele tem planos e sempre acontecerá coisas que você acha que saem de sua rotina,mas a ela nunca estará ausente,pois o sinônimo de cotidiano é a vida! Seja bem vindo a ela!!!

Sinal Fechado
Paulinho da Viola

Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe ...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe ?
Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...)
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso
Beber alguma coisa, rapidamente
Pra semana
O sinal ...
Eu espero você
Vai abrir...
Por favor, não esqueça,
Adeus...